O que fazer durante e após a quarentena?

Diego Montenegro
4 min readMay 21, 2020

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Este texto está sendo escrito durante uma quarentena e às vésperas da data em que celebramos a Ascensão de Cristo (40 dias após a Páscoa). Penso que tudo isso pode combinar para nos fornecer uma boa reflexão, mas antes vamos relembrar seguinte relato bíblico:

“depois de ter padecido, [Jesus] se apresentou vivo, com muitas provas incontestáveis, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando das coisas concernentes ao reino de Deus. E, comendo com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, a qual, disse ele, de mim ouvistes […] recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra. Ditas estas palavras, foi Jesus elevado às alturas, à vista deles, e uma nuvem o encobriu dos seus olhos. […] Então, voltaram para Jerusalém, do monte chamado Olival, que dista daquela cidade tanto como a jornada de um sábado. Quando ali entraram, subiram para o cenáculo onde se reuniam Pedro, João, Tiago, André, Filipe, Tomé, Bartolomeu, Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelote, e Judas, filho de Tiago. Todos estes perseveravam unânimes em oração, com as mulheres, com Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele” — At 1 :3, 4, 8, 9, 12, 13 e 14

Jesus ressuscitou no Domingo de Páscoa e nos 40 dias seguintes Ele esteve entre os discípulos — não sei com que frequência — ensinando-os e confirmando a promessa de sua ressurreição. Ao quadragésimo dia ele se despediu e subiu aos céus diante da vista deles, mas não sem antes lhes dar uma promessa. Jesus prometeu que viria um outro consolador. Além disso, Jesus diz aos discípulos que fiquem em Jerusalém até que esse consolador chegasse.

Podemos pensar nessa reclusão dos Apóstolos em algo paralelo (com as devidas proporções) a uma quarentena. Eles, que eram dos mais diversos vilarejos da judeia, estavam “reclusos” em Jerusalém em uma casa (cenáculo) e apenas iam ao templo. Eles não podiam fazer nada do que Jesus os preparou para fazer. Nada de cura, pregação ou sinais. E nada de cumprir a grande comissão. Nada de discípulos por enquanto? Por que?

Aparentemente, fez parte do plano do Senhor que os dez dias após a sua ascensão fossem de preparação e oração para o que viria. Passados dez dias do início dessa reclusão é que a promessa se cumpre em Pentecostes e, de repente, a reclusão em Jerusalém é substituída pela ordem de pregar aos povos para além da Judeia, indo aos confins da terra. Houve um tempo de reclusão e intimidade e agora era a hora de declarações públicas.

Me preocupa pensar o que fazemos com nosso tempo de reclusão durante essa quarentena. Sem dúvidas há tédio, saudade e preocupações. É um vazio cheio de incertezas e justamente por isso é que nesse período parece tão fácil que não encontremos espaço para buscar ao Senhor.

Veja, os discípulos também passaram algo do tipo quando Jesus morreu e ao terceiro dia não o tinham visto ainda. Ex-pescadores voltando a pescar. Mas eles não tinham visto ao Senhor. Agora, após a ascensão, a promessa estava cumprida e clara, assim como está para nós. Logo, a quarentena NÃO PODE ser tempo de retrocesso espiritual, nem de neutralidade, mas de avanço. Precisamos fazer algo de bom com esse tempo.

Me preocupa pensar também sobre o que faremos ao sair da quarentena. Provavelmente nossos desejos estão mais ligados às coisas das quais temos saudades: família, igreja, shoppings e outras programações. Eu entendo isso de verdade, mas quero que todos juntos possamos refletir sobre algo além.

Os discípulos esperavam esse algo a mais. Eles sabiam que não dava mais pra voltar a pescar. Eles sabiam que quando o outro consolador chegasse eles seriam Apóstolos, ou seja, embaixadores, pessoas enviadas para falar em nome de outro, a saber do Cristo de Deus. E mesmo sabendo disso eles perseveravam na oração, buscando ao Senhor.

É por isso, meus irmãos, que penso que esse tempo de quarentena deva ser para nós, o tanto quanto possível, um retiro espiritual. Uma santa reclusão. Não é necessariamente de solidão que estou falando. Há espaço para comunhão virtual com os irmãos, mas, antes de tudo, devemos buscar a Deus nos lares. Precisamos obrigar essas horas de reclusão a produzirem algo de bom, mesmo que seja para o futuro. Sim. Por que, se o SENHOR permitir, logo logo estaremos saindo.

Quão bom seria se pudéssemos dizer ao mundo que aguardassem o fim desse período para ver a glória de Deus como em pentecostes! Que seja assim! Que nós, como Igreja do Senhor, que você, pense em sair da quarentena para expandir o Reino. Que nós nesses dez dias oremos por arrependimento e por avivamento, pois um não existe sem o outro.

Eis então um propósito: Oremos nesses dez dias (21 a 30/05) da seguinte forma:

1 — Oração matinal por Avivamento
2 — Oração noturna por Arrependimento

Aviva tua obra, ó Senhor!

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Diego Montenegro

Esposo. Cristão Reformado. Mestre em Geografia e professor. Tentado a mostrar isso em palavras {1 Pedro 3:15}